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É na palavra que encontro o meu desespero. Não o desespero no sentido literal, pejorativo, afinal, desespero nem sempre é tão ruim assim. As palavras me envolvem de tal maneira que desbravam meus segredos mais íntimos e me fazem quase que como uma obrigação vomitar todo o sulco do desespero dos meus sentidos. E cada vez que eu transformo isso numa catarse escancarada, escancarada somente a mim, um turbilhão de pensamentos vêm à tona. Somente a mim por, na verdade, não gostar da voz alta, tomando essas palavras, junto ao desespero, algo parecido quando Marisa Monte define o seu (ou meu) “infinito particular”.
Observo. Nunca fui de falar muito, prefiro ser envolvida pelas palavras. Gosto de ser devorada por elas, ultrapassando qualquer entendimento. O que seria de mim se não existisse essa semiótica? O que levou ao primitivo inventar códigos que se transformaram em letras que se transformaram em palavras que se transformaram em frases, que gerou a comunicação através de signos tão bem construídos, cada letra em sua entonação, cada frase uma interpretação, até a persuasão!
Palavras e desespero. Ouço cada uma delas da mesma maneira que ouço cada instrumento fazendo parte de uma música, ou uma música fazendo parte de cada instrumento. Absorvo cada uma bem empregada e me abstenho das que são mal colocadas. A palavra tem o poder de mudar todo o sentido, do simples ao complexo e vice-versa. Corre nos pensamentos em desespero tanto quanto corre no sangue o soar lírico de uma melodia construída detalhadamente para envolver...