domingo, setembro 21, 2008

Política midiatizada e mídia politizada: Fronteiras mitigadas na pós-modernidade


Na era da imagem, não se deve deixar de observar o fenômeno da “espetacularização” dos fatos que constituem a nossa realidade. Há de se acrescentar que tal ocorrência é possível e se dá na mídia, facilitada em parte pelo avanço das tecnologias nos meios de comunicação, e limitada pelo modelo capitalista.

Não é de se estranhar que o discurso político se amolde a esse paradigma. Mais do que isso, as fronteiras entre a mídia e a política se atenuam à medida que uma vai se apropriando dos recursos e instrumentos da outra, também das técnicas publicitárias que são exploradas com total "glamour". É evidente que a politização da sociedade contribuiu para essa relação, na qual a mídia se aprimorou de uma suposta verdade e/ou possuiu o poder de reveladora dos segredos políticos. A mídia também oferece ao político o espaço necessário para a concretização dos enunciados, e para a “espetacularização” do ato político, encarnado nos meios de comunicação.

Pode-se presumir que é estratégia adotada pelo governo o fato da imprensa mostrar uma possível "guerra" entre ambas, que tem priorizado o marketing político e o apelo “popularesco”, com ênfase ao meio televisivo. Não que esse diálogo não exista, mas a sua realização se dá de maneira voltada aos interesses prementes e através dos interlocutores apropriados a cada momento e tendo na figura presidencial o seu principal autor.

A mídia, por sua vez, também erra o foco quando se deixa seduzir por subterfúgios, quando se atém a interesses menores, quando se prende aos aspectos puramente espetaculares dos acontecimentos, deixando de cumprir o seu papel reflexivo, na busca por novas formas de interlocução. Demonstra muitas vezes mais preconceito do que senso crítico, agarrando-se a escorregadelas da fala presidencial ou a normas de etiquetas.

Assim, a imagem do poder que se impõe através da imprensa é a mesma que se deixa captar e/ou capturar nessa proximidade longínqua, é a do orador que fala, cada vez mais, a linguagem televisiva com todos os riscos ou avanços que isso possa representar à democracia, embora signifique por outro lado o fim da eloqüência tradicional e a ascensão da comunicação.